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Como cidadão e professor de História me sinto no direito de fazer uma análise da política do nosso município: Aracruz.

Somos originários como povoado do século XVI, em que existiam os nativos, chegaram os portugueses e nas caravelas portuguesas já existia o elemento negro. Somos oriundos das capitanias hereditárias. Caminhamos, chegamos ao Estado Moderno, já com a presença neste local dos europeus italianos e do povo Guarani. Nossas origens.

Hoje, ao analisarmos as forças políticas do município, nos deparamos com resquícios de práticas antigas e nem tão antigas. Dos antigos, ficamos muito tempo dominados por uma herança de administração, políticas e práticas sociais portuguesas. Na modernidade, ficamos dominados politicamente pelos italianos, que por décadas alternam o poder em Aracruz.

Observemos as forças políticas que atuam atualmente aqui, analisando apenas os concorrentes possíveis ganhadores da eleição em Aracruz em 2020:

1. Primeiro grupo: capitaneado pelo candidato a prefeito Dr. Coutinho, médico cardiologista de uma família tradicional do município que é atuante na política desde os tempos do Império, e que tem ao seu lado figuras políticas que já transitaram e transitam tanto nos cenários Municipal, Estadual e Federal.

2. Segundo grupo: também alinhado ao pensamento do primeiro grupo, porém em ruptura ocorrida nas últimas eleições, uma vez que o Sr. Alcântara, advogado e atual vereador, capitaneando o grupo, que também tem por traz uma família que se firmou na política municipal na alternância de poder Bitti x Musso na segunda metade do século XX.

3. Terceiro grupo: encontra-se hoje sob o domínio do atual prefeito Sr. Jones Cavalheri, que também chegou ao poder executivo local através de alianças construídas anteriormente pelo Dr. Ademar Devens, também representante de um grupo tradicional da política local.

Ou seja: para o executivo da prefeitura, o posto principal da municipalidade, se observam apenas descendentes de portugueses ou italianos. No pleito majoritário estão figuras frutos desta formação, que já tiveram a oportunidade de desenvolver uma política que contemplasse os anseios de todo o povo de Aracruz, mas não o fizeram.

Na realidade, o que falta em nosso município é uma política voltada para o bem-estar social em nossa região. O que existe, podemos considerar como política de gueto, que beneficia apenas os seus. Isto se reflete no executivo e no legislativo, nos cargos administrativos do poder público, que muitas vezes abre mão do interesse da sociedade para atender aos interesses corporativos ou político-pessoais. Nas pastas administrativas, muitas vezes ocupadas em troca de apoio eleitoral, não se leva em consideração para esses cargos as pessoas que detém alto conhecimento técnico e espírito inovador.

Isso acontece em todas as administrações, pois são reflexos de uma política arcaica e antiga, que travou e ainda trava o desenvolvimento do nosso município.

Não houve política em Aracruz que levasse em consideração uma caracterização antrópica das nossas localidades. Nunca existiu e quem sabe venha a existir uma política que enxergue a potencialidade cultural internacional do nosso município e em cima disso busque um papel de desenvolvimento econômico sustentável para o povo de nossa região. Falta ousadia. Estamos sempre ainda atrelados à subserviência dos interesses do Estado, ficando à reboque de políticas exteriores à nossa realidade.

O atraso ocorre nos boicotes realizados pelos grupos perdedores dos pleitos eleitorais aos cargos majoritários, que através da atuação de correligionários no legislativo e em toda as suas órbitas de poder público, travam a política do município, demostrando uma falta de capacidade dos representantes e refletindo uma vertente excludente da política em Aracruz.

Não podemos deixar de admitir que nesse longo processo de “alternância” do poder executivo municipal não se fizeram presentes elementos originários dos nativos e afrodescendentes do nosso local.

Não é possível receitar a atuação nos cargos de parlamentar, pois é a escolha mais democrática do poder e da representatividade em nosso país. Porém o momento político é de debate sério, de reflexão sobre as escolhas que temos feito como coletivo e das melhores escolhas que podemos realizar para o futuro, nos valendo de propostas concretas para resultados palpáveis. É preciso entender que estamos em um processo de transformação política em nosso país, enfrentando crises, mas amadurecendo politicamente e institucionalmente sem deixar de assumir espaços importantes no debate político e econômico internacional.

Nesse sentido, achamos interessante promover discussões, informar a população e alertarmos os munícipes da importância de analisarmos as agremiações envolvidas na disputa eleitoral, buscar seus históricos e projetos, seus benfeitores e maiores beneficiados, e identificar no pleito as melhores pautas para a administração pública e para a realização de uma política que melhor atenda os anseios de nossas comunidades.

Bom voto.

Professor Yedo
#ProfYedo

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